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Crusader Kings III

Crusader Kings III

Crusader Kings II está morto. Longa vida a Crusader Kings III!

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Crusader Kings III é um jogo massivo, com muita profundidade e pormenores subtis, de tal forma que, depois de quase 60 horas de jogo, sentimos que ainda não conseguimos ver tudo o que tem para oferecer. Estamos a falar de uma jornada para ir completando ao longo de vários meses, e se isso não é exatamente ideal para quem está a fazer uma análise do jogo, será um tremendo ponto positivo para quem é fã da saga.

O objetivo do jogo, e da série em geral, passa por guiar a sua dinastia através dos anais da História, enquanto governa a partir de um reino europeu, africano, ou oriental. Pode assumir o papel de um rei ou rainha, ou começar até um pouco mais baixo, como duque ou duquesa, pausando o passar dos anos para tomar decisões e liderar os seus vassalos. Há muito a acontecer ao mesmo tempo, tudo apresentado através de um enorme mapa suportado por menus cheios de informação importante.

É uma premissa semelhante à do jogo anterior, mas com óbvios melhoramentos visuais. Os retratos desenhados à mão deram lugar a modelos 3D, com a descendência a ser gerada de forma dinâmica com elementos do pai e da mãe. Estes modelos são também eles dinâmicos, apresentando sinais de envelhecimento, cicatrizes, e outros pormenores que vão aparecendo ao longo dos anos. Pode não parecer importante, mas este sistema 3D levou-nos a criar uma ligação com as personagens superior ao que tínhamos tido no jogo anterior.

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Como se trata de uma dinastia, isto significa que a sua personagem irá eventualmente falecer, sendo substituída pelo herdeiro mais próximo, dependendo da lei de sucessão atual. Como cada personagem, inclusive da mesma família próxima, tem características e personalidades diferentes, isto significa que não se trata de uma mera mudança de nome da personagem, mas de uma oportunidade para mudar drasticamente o reinado.

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Existem dois elementos chave que determinam quem é: os traços genéticos e o estilo de vida que escolheu para a personagem. Esses traços genéticos são determinados pela combinação genética dos pais, pelo que é importante tomar algumas decisões importantes nesse sentido - evite juntar primos, por exemplo, mesmo que isso possa parecer uma forma tentadora de solidificar o poder da sua família. Por outras palavras, tome atenção a quem escolhe para ser o seu companheiro/a, não só em termos do que isso implica em termos de influência e poder, mas também ao nível de personalidade e genética.

Em relação ao sistema de estilo de vida, funciona um pouco como um RPG, no sentido em que pode escolher um estilo de cinco possíveis: Diplomacia, Estudioso, Intriga, Marcial, e Mordomia. Cada um dos estilos tem uma seleção de atributos que vai desbloqueando ao longo da vida da personagem, permitindo moldar ainda mais as suas características. É um sistema que acrescenta diferenciação entre personagens e permite tomar decisões importantes com maior frequência, além de que existe um outro sistema de atributos que diz respeito a toda a dinastia e não apenas à personagem.

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Religião é outro factor que fortalece o elemento RPG de Crusader Kings III, sobretudo na Europa. Como o nome do jogo indica, ocasionalmente será convidado pelo Papa para participar em cruzadas, mas isso é uma ação que merece ser ponderada. Se por um lado é importante que se mantenha nas boas graças da Igreja, é preciso considerar que uma Guerra Santa requer esforço e financiamento. Outra alternativa passa por cortar relações com a Igreja e criar a sua própria religião, embora isso seja um risco tremendo. Pode dar frutos, mas também pode correr muito mal.

Um bom rei ou rainha deve assegurar que as suas terras são bem cuidadas e protegidas, o que não é assim tão fácil de manter. Dito isto, a gestão do reino em Crusader Kings III está mais facilitada que no antecessor, graças a novas mecânicas, maior acessibilidade, e uma interface mais simples e funcional. Ao longo do jogo pode ir melhorando partes do seu reino, o que implica um aumento de capacidades e de potenciais lucros, algo essencial para se manterem prontos para uma expansão agressiva aos reinos vizinhos, ou para se defenderem. Podem gastar imenso dinheiro e tempo a tratar da evolução dos seus castelos, terrenos,e cidades, mas também de instituições, como as religiosas. Existe, contudo, um limite para o tipo de controlo, títulos, e influência que pode ter, o que significa que eventualmente terá de escolher, sobre como evoluir ou expandir, já que não será capaz de fazer tudo.

A guerra é também uma componente importante da experiência de Crusader Kings III, e mesmo que não esteja ocupado a lugar uma Guerra Santa, ou a invadir um pobre reino vizinho, eventualmente terá de se defender - de ameaças exteriores e interiores. O combate em si, contudo, não é o foco de Crusaders Kings III, e embora possa determinar certos elementos em termos de composição de unidades e posicionamento, o combate em si decorre de forma automática até que uma janela apresenta estatísticas e declara um vencedor.

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Uma forma de evitar combate, passa por dar uso aos espiões e a artimanhas. Utilizando uma boa intriga, pode causar problemas internos a um reino inimigo, e caso se sinta um pouco paranóico, até pode eliminar membros da sua própria família, que estejam a ficar demasiado poderosos para o seu próprio bem. Pode ordenar raptos, capturas, seduções, e até envenenamentos, e isto são exemplos de artimanhas que pode utilizar para travar uma luta de bastidores e poupar-se a uma luta no terreno. Até existe um novo sistema de favores, que pode usar para forçar alguém a tomar uma decisão a que normalmente estariam reticentes.

Crusader Kings III é um jogo com muitas peças em movimento ao mesmo tempo, e por isso mesmo, o jogador pode deixar escapar algum pormenor importante. Felizmente isso é menos comum neste jogo que no antecessor, já que o jogo identifica melhor todas as informações relevantes. É louvável o esforço da Paradox para tornar Crusaders Kings num jogo mais acessível, mas isso não significa que não terá de se esforçar e dedicar tempo ao processo de aprendizagem. Mesmo depois de muitas horas com Crusaders Kings II e esta sequela, continuamos a experienciar alguns eventos que acontecem sem que tenhamos a certeza do que os provocou, o que pode ser bastante frustrante. E por falar em frustração, é também preciso referir que o jogo tende a repetir eventos pré-definidos com excessiva regularidade, o que causa alguma fadiga.

Apesar de algumas falhas ligeiras Crusaders Kings III é um sucessor digno, repleto de melhoramentos em praticamente todos os campos. Já gastámos 60 horas a tomar conta da nossa dinastia, e suspeitamos que vamos gastar muitas mais nos próximos meses e até anos, sobretudo se a Paradox investir em tantas expansões para Crusaders Kings III como o fez para o antecessor. Não é para todos os jogadores, mas se aprecia a saga, ou o conceito parece interessante, deixamos-lhe uma elevada recomendação.

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09 Gamereactor Portugal
9 / 10
+
Está repleto de possibilidades. É mais acessível que o antecessor, e tem uma interface mais limpa e funcional. Novos elementos RPG acrescentam muito à experiência.
-
Apesar de mais acessível, ainda exige muito do jogador nas primeiras horas. Eventos pré-definidos repetem-se um pouco.
overall score
Esta é a média do GR para este jogo. Qual é a tua nota? A média é obtida através de todas as pontuações diferentes (repetidas não contam) da rede Gamereactor

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